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Estado de Coisas

domingo, fevereiro 11, 2007
A hora de estar
Estive pensando sobre o que fazer com o amor que não se vai, mesmo que a hora já tenha chegado. Aquele que persiste, a despeito de nossa vontade. O que se faz presente, mesmo que tenhamos caminhado léguas depois do último beijo.

Deixa estar. Esse amor, que não soube a hora de chegar, tampouco vai saber o momento de se retirar. E, embora não pareça, ele é sábio. Continua a respirar enquanto encontrar razões, por mais tresloucadas que possam parecer.

Maltratado, esquecido num canto, subestimado, esse amor patinho feio mostra a sua força de sobrevivente. Amor valente, cínico até. Como deixá-lo ir, se nem mesmo aprendemos a cuidar desse louco insistente?

Deixa estar. Esse amor vai saber a hora de partir. E se ela não chegar, que prevaleça a vontade do amor.

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O amor antigo
Carlos Drummond de Andrade

O amor antigo vive de si mesmo,
não de cultivo alheio ou de presença.
Nada exige nem pede. Nada espera,
mas do destino vão nega a sentença.

O amor antigo tem raízes fundas,
feitas de sofrimento e de beleza.
Por aquelas mergulha no infinito,
e por estas suplanta a natureza.

Se em toda parte o tempo desmorona
aquilo que foi grande e deslumbrante,
o antigo amor, porém, nunca fenece
e a cada dia surge mais amante.

Mais ardente, mais pobre de esperança.
Mais triste? Não. Ele venceu a dor,
e resplandece no seu canto obscuro,
tanto mais velho quanto mais amor.

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TEm uns amores assim, né? Muito estranho. Por que será que tem uns que morrem e deveriam durar mais e outros que não morrem nunca mas que a gente queria esquecer??

=S  

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