Especialmente se você se tornou uma pedra insensível, como eu [e não é redundância - as pedras do Lago Azul, em Bonito, têm mais sensibilidade do que eu]. Tenho me perguntado pra que a paixão, de que ela serve, qual é a sua utilidade e que ganho traz para nossas [minha] vidas solitárias. Ficar só pode ser uma ótima opção - é a possibilidade de se descobrir e conhecer, sem amarras nem muletas.
Mais ainda, qual é o tempo de vida-média de uma paixão? Segundo a
Wikipédia [eu AMO essa Enciclopédia], "a vida-média é o tempo médio que um isótopo instável leva para decair ou desintegrar." Assim é, por que na natureza é assim. E eu já tento estimar esse tempo a partir de critérios como minha própria necessidade de estar só e desacompanhada. Por que estar só, acho que estou sempre.
Vontade de sentar numa mesa de bar e esperar a paixão desintegrar. Talvez leve cerca de 8.000 anos, o tempo de Carbono-14. Talvez aconteça num piscar de olhos. A paixão é assim mesmo, escorregadia e volátil. Cada um que tome conta do seu coração, por que o meu tornou-se mesmo um vadio incurável.
E quem precisa do Grande Amor e pra quê? Quem sabe não tem metade nenhuma minha perdida por aí e eu aqui, inteirinha e inteiraça, procurando o que nunca me faltou? E, afinal, tudo começa, acaba, começa novamente. Talvez falte a pessoa que diga 'aquela' coisa certa. Mas qual é mesmo a coisa certa para se dizer? Ou ainda, como na música do jovem Chico Buarque, "amanhã, ninguém sabe. Traga-me um violão antes que o amor acabe..."
Confusão de idéias. Nenhum eixo que leve esse monte de sentimentos díspares a um lugar seguro.
Socorro.
Socorro, não estou sentindo nada.Nem medo, nem calor, nem fogo,Não vai dar mais pra chorarNem pra rir.Socorro, alguma alma, mesmo que penada,Me empreste suas penas.Já não sinto amor nem dor,Já não sinto nada.Socorro, alguém me dê um coração,Que esse já não bate nem apanha.Por favor, uma emocão pequena,Qualquer coisa.Qualquer coisa que se sinta,Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva.Qualquer coisa que se sinta,Tem tantos sentimentos, deve ter algum que sirva.Socorro, alguma rua que me dê sentido,em qualquer cruzamento,acostamento,encruzilhada,Socorro, eu já não sinto nada.Socorro, não estou sentindo nada. Arnaldo Antunes / Alice Ruiz - 1998
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