Eu não sou mais eu. Fui dominada por meu alter-ego, Lavínia di Godoy. Lavínia é resultado de tudo o que vejo, leio, ouço e assisto aqui em Brasília. Recentemente, Dia Internacional da Mulher, várias lavínias foram descritas incansavelmente pelo jornal local, a mulher brasiliense ou adotada pela Capital.
Pois bem, eu, Lavínia. Brasiliense, Lavínia é uma mulher independente e alheia ao que pensam ou dizem. Empresária, socialite e cinéfila, ainda arruma tempo para o trabalho voluntário nas horas vagas. Mora no Lago Sul. Pode parecer arrogante à primeira vista, mas é apenas altiva. Cabelos impecavelmente lisos, a chapinha é uma rotina. Unhas bem cuidadas, a manicure é sempre a mesma, com quem mantém conversas amistosas durante o ritual periódico. Salto alto, *sempre*, mesmo nos momentos mais casuais. Já foi casada com um influente funcionário de um alto órgão federal. Hoje se dedica suas horas de lazer aos programas mais comuns na capital: cerveja gelada durante a semana, brunch aos finais de semana, mostra de cinema e chá da tarde.
Lavínia, como o tempo, não pára. E eu corro para acompanhá-la.