Tive muitas paixões, mas uma delas foi especialmente dolorosa.
Foi daquelas que tiram o chão, que metem medo, que levam ao desespero. Um desespero ora contido, ora escancarado. De ficar mal, chorar, beber, adoecer e se recuperar. Tudo em nome daquela paixão.
Hoje, acredito que nenhuma outra paixão, por mais avassaladora que seja, vai me causar toda aquela tempestade. É como se eu tivesse ficado imune à dor. Aquela paixão acabou me fortalecendo.
Não sei bem se é uma construção imaginária do que nunca se consumou ou se aquela era mesmo uma paixão especial. Sei que até hoje eu guardo com cuidado e até cultuo essa emoção frágil e robusta, que me protege contra qualquer excesso de amor ou de dor.
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